Reunir todo o cinema de animação português num só arquivo digital – é esta a missão da Animateca, a base de dados criada pela Casa da Animação que já pode ser consultada online.
O projeto ainda está na sua fase inicial, mas até ao final do ano pretende incluir no seu catálogo de acesso livre não só filmes profissionais, mas também filmes de escola ou resultantes de oficinas e workshops – “que pretendemos que tenham exatamente o mesmo destaque que os outros”, revela Regina Machado, produtora da Animateca e presidente da Direção da Casa de Animação.
O mesmo espírito de inclusão estende-se ao género e ao formato dos filmes, e é isso que, segundo a produtora, distingue a Animateca de outras bases de dados do mesmo tipo. Ali será possível encontrar não só o dito cinema de autor, mas também filmes de encomenda e publicitários, videoclipes, séries, entre outros – “Queremos que tudo esteja lá reunido, sem marginalizar ninguém.”
O projeto, que foi apresentado à indústria esta semana no Cinema Trindade, é parte de um outro mais vasto – Casa em Movimento –, financiado em 2021 pelo programa Garantir Cultura, do Ministério da Cultura. Contudo, há pelo menos seis anos que os membros da Casa da Animação sonhavam com a criação desta plataforma.
Não se trata apenas de preservar a memória através do registo, mas contribuir ativamente para a promoção e circulação do vasto património do cinema de animação português, que já conta com quase um século de história – “No próximo ano, faz 100 anos desde que o primeiro filme de animação foi estreado em Portugal. Ou seja, há 100 anos de história para colocar na Animateca”, explica Regina Machado.
A expectativa da produtora é que o arquivo atinja os milhares de filmes, e que seja útil não só para os curiosos ou estudiosos, mas também para programadores e indústria internacional, que podem consultar a base de dados – que é bilingue – para aceder a todas as informações dos filmes e descobrir quem devem contactar para programar os mesmos.
Como funciona
Com a exceção de filmes históricos, todas as entradas de filmes são criadas, publicadas e geridas pelas produtoras, que para o efeito devem registar-se na Animateca. “Estamos a começar pelos profissionais”, adianta Regina Machado , “mas a seguir virão os estudantes, e as escolas serão contactadas para inserirem os filmes dos seus alunos.”
Entretanto, também há que “começar a desenterrar passado”, conclui. “Através de contactos com a Cinemateca e o ICA, é preciso ir fazendo as entradas dos filmes históricos – e aí terá de ser a equipa da Animateca a fazê-lo.”
No futuro, o objetivo é que a plataforma seja também um canal de divulgação de tudo o que se passa com o cinema de animação nacional, promovendo anúncios de cursos e candidaturas a festivais e dando acesso a teses académicas relacionadas com o cinema de animação.
As próximas sessões de apresentação da Animateca, que são sempre acompanhadas pela exibição de filmes de animação portugueses, “para que público comece a ver a variedade que existe”, acontecem a 3 de junho, às 15h30, no Auditório Luís Soares na ESMAD (sessão com curadoria de Jorge Ribeiro e Sara Franco) e a 11 de junho às 18h, na Casa das Artes (sessão com curadoria de Abi Feijó e Bruno Caetano).